A Magia

 

A Magia

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Era um casamento como outro qualquer, com seus problemas diários e financeiros. Mas este não era o motivo principal que estava separando o casal, que tinha dois filhos homens, já adolescentes. A esposa trabalhava numa lanchonete, anexo à rodoviária de uma cidadezinha do interior. O marido era sócio de um posto de combustível. Conforme os negócios iam prosperando, houve a necessidade de se contratar uma ajudante na lanchonete. E assim foi feito. A nova empregada possuía seis filhos pequenos e ninguém sabia se todos eram filhos do mesmo pai. Percebendo as dificuldades pela qual ela passava, a proprietária da lanchonete a acolheu e a tornou imprescindível em qualquer momento da sua vida. E a empregada foi ganhando a confiança dos patrões. Todos a consideravam uma pessoa da família, mas na verdade, não era isso que acontecia. Um determinado dia, a empregada desapareceu com os seus filhos, levando com ela o marido daquela senhora. Alguns amigos dela já suspeitavam de qualquer coisa e lhe aconselharam a ficar atenta aos acontecimentos diários. Mas a confiança na empregada era total. Após o desaparecimento do seu marido e da empregada, uma amiga lhe disse que a empregada usara de magia negra para separar o casal. Eles começaram vida nova na capital e durante um certo tempo, parecia que as coisas iam bem. A família daquela senhora, a partir do momento da separação, não considerou mais aquele homem  como um membro de sua familia. E não durou muito, a necessidade bateu à porta daquele homem. Ele já não conseguia mais sustentar a sua nova família e pediu ajuda a um dos seus irmãos, que sempre que podia, o ajudava financeiramente. Um dia ele morreu, sem assistência médica e sem o carinho de seus familiares. A magia e o encantamento acabaram tão logo as dificuldades foram aparecendo. E ele morreu só, na mais completa miséria. A magia era negra, como o mais negro véu que já cobriu a face da terra.
 
 
                          Débora Benvenuti
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