Às vezes não sei se me perco ou se simplesmente finjo que não existo…
Esta dor deve ser tudo menos solidão. E esta solidão deve ser tudo o que existe para além da culpa daquilo que se faz quando se está só…
Estar só é tudo menos estar sozinho.
Todo este silêncio que me rodeia e toda esta longa brisa nocturna que me envolve os ombros e me abraça, fascina-me completamente.
Mas esta dor no peito que vem e aperta… Esta dor… Será pensada? Ou será mesmo e só sentida?
Vem para me dizer que errei ou vem para me mostrar que a paz e o silêncio são melhor opção?
E se eu deixar ir? O que acontecerá?
Perderei tudo e todos…
Mas tudo o quê? Todos quem? Só me perco a mim! Nunca perdi nada nem ninguém!
Só me perco a mim, já disse.
Não tem nada haver com aquilo que tenho pensado! Não tem nada haver com controlar aquilo que sinto mas sim deixar sentir tudo o que vem para ser sentido, juntando um maravilhoso toque de consciência divina e clareza mental!
Equilíbrio e maturidade! Estou a falar de equilíbrio e maturidade, para mim que não percebo… Ou teimo em não perceber!
Se as borboletas voam e as luzes dos postes das estradas acendem ao anoitecer, se as teclas do piano trazem as melodias angelicais dos céus para a terra e a água pura da nascente nos mata a sede, porque é que eu não mergulho de uma vez por todas neste ser que sou e me deixo viver!?
Porque não mergulho dentro de mim e deixo-me viver intensamente cada segundo do tempo eterno que é a minha vida?
Respirar! Falo de RESPIRAR, para mim que não percebo… Ou finjo não perceber!
Não sei como sinto tanto tanta coisa e quando toca a me sentir a mim fujo como alguém que acabou de ver um lobo esfomeado bem à sua frente na floresta que é a vida…
Aiiii, mas porque é que eu teimo em me meter nas florestas??
Ao menos já não deixo que os lobos me comam…
Apesar de ainda fazer com que me tentem caçar…
Cabeça dura a minha! Parece que gosto de pisar a linha… De sentir a adrenalina do risco…
Mas para quê? Só me canso… A mim e ao lobo esfomeado que corre tanto, coitado, e não ceia!
/ Olha-me só para esta cabeça Maria Madalena… Olha-me só!
O que eu fui arranjar… E agora? Como é que eu me arranjo?
Entrego-me à escrita e ao piano e deixo ir tudo e mais alguma coisa como quem não pensa em absolutamente nada? Deixo ir tudo? E SEU EU FOR TAMBÉM??
Esta história do deixar ir faz-me cá uma impressão que tu nem imaginas!!
Vou é emigrar para Paris ou lá para o Norte de Itália… Talvez vá para a América, não sei bem…
Mas o que é que eu estou para aqui a dizer… Eu tenho é de me encontrar primeiro!
Mas encontrar onde?
”- Dentro de ti.”
E como mergulho eu dentro de mim se estou tão pendurada na nuvem pesada que é a minha mente?
”- Esvazia-a!”
Mas como!?
"Se não perdesses tanto tempo da tua vida a perguntar como e simplesmente fizesses, o teu peito não doía tanto…"
Estou a ver… Então isso pode significar que é possível fazer o desconhecido sem saber como e que talvez todas as vezes que pergunto “como?” na realidade esse “como” é a minha fuga e a minha teimosia em fingir que não sei algo que não precisa ser sabido para se saber?
”- Ainda duvidas?”
Claro…
”- Porquê?”
Porque a dúvida é a fuga perfeita para todos os meus medos.
Eu não tenho medo de lobos… Eu tenho é medo de não me encontrar na floresta em que estou metida!
Se eu fosse uma árvore como poderia encontrar-me entre as quatro paredes de que é feita uma cidade?
”- Mas tu não és uma árvore, tu és o céu.”
Sou o céu… Deve ser por isso que me vejo tão fora de mim e me sinto tão longe.
”- Tens a certeza que estás longe?”
Claro… Eu não me sinto perto!
”- E sabes porquê?”
Porquê?
”- Porque tu.. Duvidas.”
Laura Mendonça
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