Meu pai trabalhava transportando combustível para avião, no seu caminhão tanque e uma vez me levou com ele em uma viagem que fizemos para a capital. Naquela época, muitas estradas não eram asfaltadas e meu pai precisava colocar correntes nas rodas do caminhão, para que ele não atolasse.Minha mãe foi junto e como a viagem era muito longa para uma menina de cinco anos e que nunca mais teve uma boneca (por ter deixado que roubassem a única que teve), minha mãe pegou algumas roupas, amarrou e fez uma boneca para que eu me distraísse durante a viagem. Senti muito medo, pois o caminhão derrapava no barro e ia de um lado para o outro. Chegamos ao nosso destino e ficamos alguns dia na casa de uma tia. Na hora de voltar, minha mãe perguntou se eu queria voltar para casa ou ficar mais uns dias. Escolhi ficar e foi a minha sorte. Nessa viagem de volta, meu pai se acidentou, tendo o caminhão caído num barranco e ficado muito danificado. Meu pai não se feriu, mas se eu estivesse viajando com ele, teria me ferido gravemente, pois ele teria caído por cima de mim, quando o caminhão capotou. Acho que essa foi a minha primeira premonição das muitas que tive até agora.
Débora Benvenuti
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