Vitório era o noivo da minha tia Delícia. Um dia ele comprou uma lambreta e foi visitar a minha tia. Ao chegar na casa da minha avó, estacionou a lambreta e meu tio Alceu correu para ver a novidade. A criançada toda da rua também apareceu, curiosos para ver a tal máquina. Meu tio Alceu não se conteve e pediu para dar uma volta. Acredito que soubesse andar de bicicleta, pois ligou a lambreta, acelerou e saiu, mesmo sem nunca ter andado em uma. Vitório deu algumas instruções, mas acredito que o tio Alceu não deve ter memorizado, pois a lambreta andava em disparada, fazendo círculos e mais círculos, subia na calçada e a criançada toda se pendurava nos galhos das árvores. A lambreta saía para a rua e retornava. Alceu gritava desesperado:
- Como paro essa coisa?
Ao que Vitório respondia:
- Aperta no freio.
- Onde fica o freio? gritava desesperado o tio Alceu.
- Fica aí no guidão.
E a lambreta cada vez corria mais. Era a criançada a correr e o tio Alceu a gritar:
- Saiam da frente, saiam da frente.
E a lambreta em disparada, subia calçada e voltava pra rua e o tio Alceu com os cabelos em pé, gritava desesperado.
- Socorro,socorro, me ajudem a parar. E o Vitório não sabia mais o que fazer. A situação ficava mais desesperadora, a cada volta que o tio Alceu fazia. Acredito que ele até poderia ter se tornado um bom piloto de lambreta, porque se equilibrou em cima daquela máquina e não caiu. Depois de muito sufoco e de apertar em todos os lugares dos quais se lembrava, finalmente a lambreta parou. Meu tio desceu meio tonto e acredito que depois dessa experiência ,ele nunca mais quis pilotar uma lambreta.
Débora Benvenuti
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