Deslizou na noite ao meu encontro.
Sorriu com os olhos, um sorriso sincero, característica
inerente de quem involuntariamente o faz. O mistério dos
seus olhos transporta-me ao passado em que me descobri.
Uma pedra lançada num charco vazio faz transbordar
um oceano de sentimentos adormecidos. Ingénuo,
nunca soube que havia ganho o momento
mas perdido o sonho.
Sem que soubesse nadar mergulhei num poço sem fim,
onde a saída esteve sempre à distancia de um beijo.
O desejo deu lugar à paixão e presos por muros invisíveis
fomos separados pela incerteza.
Os nossos olhos cegaram com lágrimas negras de uma
noite esquecida, rasto tatuado que o tempo não apaga.
A voz dela tremeu, denunciando os destroços de uma
recente tempestade. Com receio grita em silêncio por
um porto de abrigo, num mar perpétuamente revolto
procura serenar um passado sôfrego e apaixonado.
Uma réplica, onde um passado que nunca o foi continua
presente numa guerra de palavras mudas. Com os olhos
renovados pelo fogo e pela paixão corremos de mãos dadas,
pena é, estarmos na margem errada do sonho.
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