Tudo aquilo que o homem quer ter resulta de desejos escondidos e reside em matéria abundante. Tudo quanto o homem quer muito resulta de matéria não profusa. O desejo de possuirmos tudo aquilo quanto de nós se afasta é sobretudo mais comum naqueles que não se têm.
O mundo é governado por uma espécie de sentimento comum de o homem querer mandar no homem, de o homem querer mandar nos animais e na terra... e de o homem querer mandar em tudo.
Depois há quem não tendo nada em que mandar, mande só.
Nascendo pobre e pisando com os pés descalços, o homem sente a terra, sente-a áspera ou mole, sente o seu calor, sente o "húmus" ao qual inevitavelmente vai voltar.
O Homem caminha e sente com a simplicidade de um ser que segue, fazendo da sua vida tudo quanto crê, tendo a morte a seus pés.
Mas quando o homem nasce já com a insígnia do poder, está condenado a ser apenas mais um homem.
Quem nasce para mandar, nunca teve poder absoluto sobre si, está confinado desde o primeiro dia a ser poderoso, mas a ser "húmus" também. Não é livre.
Sendo o poderoso ou o mais débil, ambos os homens são homens. Mas o que nasce e permanece descalço, caminhará livremente na terra, o outro não.
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