Resumo da obra
Romance histórico contemporâneo que tenta mostrar e refletir como foi a vivência e a passagem entre em dois regimes diferentes em Portugal. Os acontecimentos iniciam-se a partir dos anos de 1972, abril, em que se sentia um crescente de descontentamento no povo, devido às condições de trabalho e de vida constantemente agravadas com a carestia de bens de consumo, especialmente estrangeiros, e os pais que não se modernizava como era de esperar, em relação a uma Europa tão avançada. Todo este enredo é vivido num Portugal antes do 25 de abril de 1974 em ebulição de greves e contestações, sofrendo as cargas policiais, mas que depois vieram a ajudar a despoletar todo um descontentamento generalizado, do qual resultou a revolução. Miguel vive a aprendizagem na política metendo-se voluntariamente em greves e debatendo com interesse a vida política e social do seu país, vindo a viver o 25 de abril. Entretanto vive dois amores que o forçam a amadurecer como homem. Um no período do regime antigo, condicionado pelos hábitos e costumes conservadores, enquanto o outro já em liberdade lhe dá outra perspetiva muito diferente do que é viver o amor mais livre e espontâneo. O primeiro sofre as mudanças que se vivem nos pais, devido ao renovar de mentalidades e maneiras de ser, com a agravante de não haver uma atitude mais liberal da parte da família dela. Por outro lado o surgir de uma doença inesperada que a levou mais depressa à morte. O outro namoro, já da revolução, é vivido com uma jovem mais madura, sedutora e sensual, cheia de ideias aprendidas numa França moderna e avançada em todos os sentidos. Com este Miguel absorve um amor mais fogoso e erótico, porém não resistindo à situação do país que na altura provocava receios nas pessoas de as circunstâncias se virem a agravar. Assim ela a conselho do pai, emigrante em França, abandona o país, sem terem possibilidade de cimentar melhor a ligação. Tanto Miguel como os outros são pessoas de personalidades redondas que evoluem ao longo do romance. No enredo salta à vista Rosa que decide desde muito nova ser jornalista. Para a época era algo pouco habitual, visto que o mundo do trabalho era predominantemente masculino e machista. Mas com a sua forte personalidade, o seu carater vincado, decidido, seguro e convicto nas ideias traçadas para o futuro resolve seguir em frente, na resolução do seu projeto, o que veio a suceder, já pós 25 de abril. Ela é representativa de muitas mulheres que na época do antigo regime souberam dar a cara por uma nova maneira de ser e de estar na vida, em favor da justiça e liberdade da mulher, sem estar sujeita à vontade arbitrária do marido e realizar os seus projetos de forma independente. Borges é o típico de pessoa filho de famílias da classe alta em decadência na época, que se vão limitando a viver como qualquer cidadão normal da classe média, acabando por intervir conscientemente em favor da sociedade. A mudança de regime trouxe muitas esperanças para o país, para logo a seguir mostrar-se cheio de contradições e até perigos de guerra civil, devido a constantes greves e supostas ameaças de voltar a um passado político já ultrapassado tanto à direita como à esquerda. Mas inesperadamente surge o 25 de novembro de 1976, que mostrou como haviam diferentes correntes de pensamento dentro do movimento inicial dos militares do 25 de abril. Por fim Miguel acaba por ficar sozinho e desiludido, mas renovado e com ideias de contribuir para um pais evoluído com a montagem de uma empresa de serralharia e Borges surpreendentemente segue o caminho do sacerdócio.
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