Falando das desgraças....
A nossa vida pelo que me apercebo hoje, mudou bastante ,quando fomos para Moura. O meu pai tinha sido promovido a sargento, o ordenado era maior, não pagávamos casa, pois vivíamos em casa cedida pela GNR dentro do Posto, tal como aconteceu em Lagos, o meu pai era tão querido (sempre gostou de perdoar multas, talvez por isso) pelas pessoas, que tinhamos tantas ofertas de galinhas, ovos, presunto, enchidos, carnes, e por isso pouco gastavam em alimentação. Ainda sobrava muita coisa para a minha mãe distribuír pelos soldados da GNR que trabalhavam no Posto. Por outro lado ela fazia a nossa roupa e a dela, não gastava em costureira, o meu pai tirou um curso por correspondência e nas horas vagas arranjava rádios em casa.
O local desse passatempo dele, para ganho extra, era nessa sala por cima da entrada do Posto cujas janelas altas se podem ver na foto.
Foi aí que aconteceram as tais "desgraças". Um dia partiu-se um vidro de uma dessas janelas os quais amontoaram a um cantinho para depois serem levados dali mas, a minha irmã Célia correu para essa varandinha (janela) e fez um grande corte num pé . Não deve ter sido coisa pequena, pois mesmo depois de ter curado a ferida, tinha de ir algumas vezes ao médico para uns "banhos de luz" aos quais eu assisti e eram feitos com uma lâmpada enorme projectada para o pé dela.
A outra desgraça foi bem depois quando a minha irmã Lurdes que é a filha que nasceu a seguir a mim, começou a andar e sem que alguém desse por isso entrou nesse quarto onde o meu pai tinha no chão caixinhas com material de rádios velhos, entre os quais lâmpadas muito pequenas. Só descobriram depois quando a procurararm que ela estava nesse quarto mastigando uma pequena lâmpada de rádio.
Houve um grande alarido e levaram-na para o hospital. Não sei o que lhe fizeram mas trouxeram-na de volta sã e salva.
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