Era uma vez um caderno.
Escrito a linhas de sangue, lágrimas e suor. Escrito em letras de luz de uma lua sempre poente, nunca nascente, nova, mas cheia de escuridão...
Quem não o lia, não ouvia e jamais viu uma palavra do que lá foi escrito.
Era uma vez, era uma vez, que se foi de vez e retornou num livro de histórias pintadas a mar como chuva e tempestades.
Era um diário, um livro, um pedaço e coisas velhas.
Era uma vez um calendário, que se foi rasgando, e, tornando as folhas novas em velhas, as folhas velhas foram ficando novas.
Era uma vez um ano, e outro e outro ainda...
Foi uma vez uma menina, que se fez bruxa e uma bruxa que se fez princesa, e uma princesa que se fez mulher.
Um conto: de contar coisas, coisas que se descontam por cada vez que era uma vez...
O que me faz rir?
O medo que ainda pressinto em ti, quando não sabes o que poderei fazer a seguir.
(Gargalhadas) (suspiro)
A bem dizer, ainda me surpreende, que te surpreendas...
Talvez escrever seja uma forma subtil de querer viver para sempre...
Talvez no começo, apenas desejasse segredar a mim própria o que não diria a mais ninguém; jamais!
Talvez, nos entremeios dos julgamentos - sem juiz, sem lei, sem rei nem roque - me tenha apercebido que a vida não se faz de amanhãs que não existem e nunca chegarão - um amanhã será para sempre um amanhã, nunca será um hoje.
Um hoje poderá não ser o tão especial dia em que tudo será diferente, mas é um hoje e é de hojes que se constróem vidas.
Nada está perdido enquanto a capacidade de amar estiver presente, e essa nasce connosco. Por mais enxovalhada, enlameada, pontapeada que for, nunca será banida do local onde a plantaram, onde nasceu: no coração dos simples.
Força e coragem andam de mãos dadas nas passadeiras e nas bermas da vida: uma vez puxa uma, outra vez outra, ambas levar-nos-ão pelos caminhos da eternidade, enquanto alguém se lembrar do BEM que fizemos...
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