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A Esperança era mãe de muitos filhos e os embalava carinhosamente enquanto eles eram pequeninos. A todos eles os chamava Sonhos. Cada Sonho possuía um nome especial, que ela escolhia com muito cuidado. O último de seus Sonhos ela o chamou de Desejo, já prevendo que ele lhe daria muito trabalho. Desejo era um Sonho bastante inquieto. Demorava mais tempo que os outros sonhos para adormecer e quando a Esperança acreditava que já o tinha embalado o suficiente, ele acordava no meio da noite e insistia em se levantar e andar pelos seus próprios meios. Por mais que a Esperança tentasse lhe dizer que não estava na hora de Desejo ganhar o mundo sozinho, ele insistia que já era grande o suficiente para sair sozinho. Mas a Esperança sabia que as coisas não se resolviam assim, de uma hora para outra. Então embalava o berço do sonho incansavelmente, até que o Desejo se acalmasse e voltasse a dormir um sono tranqüilo. Enquanto Desejo dormia, a Esperança pensava em como poderia encontrar o momento certo para deixar que Desejo se aventurasse sozinho pelo mundo. Esse momento chegaria, disso tinha certeza. Mas será que o Desejo estaria suficientemente amadurecido, para acreditar que tudo daria certo? E se aventurasse sozinho e descobrisse que as coisas não saiam exatamente como havíamos imaginado? Que tudo faz parte da nossa imaginação e por mais que pensemos em todas as possibilidades, haverá um momento em que as coisas irão tomar rumos diferentes e nos deixarão perplexos ao perceber que não havíamos pensado nesta possibilidade? E se o Sonho acabar de repente? Terá sido por não o termos embalado o tempo suficiente?
Débora Benvenuti
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