Quem me dera jogar ao quarto escuro! Porque é que os adultos não jogam ao quarto escuro? Porque é que essa brincadeira agora me faz pensar que me irão apalpar as mamas? Inocência perdida, malícia arquivada (achada). O assustador quarto escuro hoje causa-me estranheza e deixa-me perplexa e intrigada, mas, ainda assim, pronta para jogar.
Meu amigo, ontem esta brincadeira alegrou o nosso dia; fiquei calada sem emitir um único som, tocaste-me na cara, senti as tuas mãos no meu cabelo, as cócegas que me fizeste na tentativa de ouvires algum riso ou gritinho meu. Fui feliz de saber que me sabias, pois não falei! Tocaste-me e adivinhaste-me! És meu amigo, sim!
Meu amor, ontem brincamos ao quarto escuro! Eu reconheci os teus passos, o teu cheiro invadiu-me, eras tu! A tua presença expandiu-se em mim e naquele quarto sem uma única frincha de persiana por fechar. Meu amor, eu fiquei calada, sabia que me sabias perto. Então, aproximei-me e beijei-te os lábios. E assim fiquei eternamente a beijar-te nos meus dias sem quarto escuro. Feliz! A ser a criança que sou e a adulta que nunca fui, mas que gosto de ser.
AMO-TE às claras nos meus dias sem quarto escuro!
Para sempre tua,
Maria
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