Agora que estou perto do fim da minha vida pergunto-me se terá valido a pena. Penso nos momentos mais felizes e nos mais tristes e descubro que são o mesmo.
Aquele abraço o melhor momento enquanto durou, o pior quando terminou.
Sentir que o abraço afrouxou, as lágrimas deixaram de cair sobre o nosso rosto e ela voltou-se. É hora de partir. A pior visão do mundo ver as costas da pessoa amada afastar-se, perder-se no horizonte. A tristeza invade e sabemos que nunca mais teremos o calor daquele corpo, o aperto daquele abraço, o amargo das suas lágrimas. O seu riso dissipa-se na imensidão, o sorriso desvanece, desaparece, cessa para nós. Perdemos o privilégio do ver. As suas costas serão a última coisa que veremos. Mantemo-nos fortes, mantemos o sorriso para não mostrar às pessoas como estamos devastados, mas por dentro sabemos perfeitamente que o corpo cede, e choramos. Um choro sem som, sem cor nem odor. Um choro profundo, genuíno e puro.
Deixamo-la partir e não tivemos coragem para mais. Fomos fracos.
Um dia será essa a única recordação que teremos.
"DEIXASTE-A PARTIR"
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