Casa Branca

 

Casa Branca

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Um homem a caminho do meio da vida faz muitas viagens ao longo da Costa Mediterrânica. A direcção sudeste, quando é levado pelo vento de madrugada diz-lhe isso. O Nevoeiro da sociedade leva-o para a certeza de um Sonho que quer ser exterior, real. Trabalhar para ganhar o pão não chega.

Uma casa branca junto a um mar muito azul e tranquilo. Há muito espaço para se respirar e um mundo para descobrir lá fora. O iodo entra por buracos na parede que são janelas para o mar. O chão é de tijoleira. Há tapetes. O homem sem nome mas com sensações ali está desfalecido, desgastado, com feridas imensas de muitos anos de luta que é própria de sobreviventes numa civilização que vai agonizando. Ali está deitado no colo de uma mulher que chama de "enfermeira" ou "companheira". A pele morena, os cabelos negros lisos a afagarem o corpo cansado, o rosto que mal vê, parece de Maria Callas. A Casa Branca é paz e vai-lhe tirando as "setas", através das mãos dela que cheiram a lavanda. As feridas são curadas. O som do mar sem ansiedade. Mais ninguém à volta.

 Pouco depois deste sonho, o Homem conheceu a Mulher numa livraria da cidade. Hermes Trismegisto tinha razão.

 

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