Nos dias nublados ou chuvosos, não podíamos brincar na rua. Inventar brincadeiras era a maior diversão e ajudava a passar o tempo. Embaixo da janela da sala de jantar da nossa casa, havia um sofá e era ali que subíamos para olhar pela janela. Dali, podíamos ver os carros que passavam na quadra de cima. A brincadeira que fazíamos era de adivinhar qual a marca do carro que iria passar, apenas escutando o ronco do motor. Com caneta e papel na mão, íamos somando os pontos de cada um, cada vez que alguém acertasse o modelo do carro. Brincávamos assim, eu e meus dois irmãos, mais velhos que eu. Como os meninos se interessavam mais por carros, eu nunca podia vencê-los, por mais que me esforçasse e a brincadeira só terminava quando cansávamos de tanta gritaria, cada vez que alguém somasse mais pontos. Então era hora de jogar Cinco Marias. O jogo consistia em jogar cinco saquinhos pequenos no chão, que eram cheios de grãos de arroz ou feijão, que costurávamos cuidadosamente, para que não se rompessem. Havia diversas fases que tínhamos que passar. Se alguém errasse, o jogo passava para o jogador seguinte e assim brincávamos muito tempo. Eram brincadeiras que as crianças de hoje em dia nunca ouviram falar, mas acredito que uma infância igual a esta, ficou na memória de cada um de nós.
Débora Benvenuti
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