O canto da Sereia
Sou a sereia que dorme no fundo do mar
Aquela que vem à praia para te ver
Mergulho e levo-te comigo
Vais nos meus sonhos
Embalo-te nos meus braços
Sinto o teu cheiro, o teu respirar
Acaricio a tua pele macia
Sinto-te meu por momentos
Beijo-te às escondidas com poesia
E sussurro-te ao ouvido com música de maresia
Serás sempre o meu segredo
Madalena Leitão
9 de setembro de 2011
Se eu pudesse. Se tu quisesses
Se te mostrasse o meu céu
Se te destapasse o meu horizonte
Se te envolvesse nos meus braços
Se te desse o calor dos meus lábios
Se te sussurrasse docemente ao ouvido
Se te fizesse sentir o tempo curto demais
Se te fizesse estremecer com o meu sorriso
Se me deixasses ser eu
Se me deixasses mostrar o que sinto
Se me deixasses amar-te
Se deixasses …
… desejar-me-ias até ao infinito
Madalena Leitão
6 de abril de 2012
Foste embora
Foste embora sem um pingo de complacência
Foste sem explicações…
Esqueceste todas as promessas e sonhos a dois
Foste e não olhaste para trás…
Deixaste-me aqui a contemplar o nosso passado
Foste e não me deste um beijo de despedida…
Abandonaste-me neste ermo de precipícios e tempestades
Foste e não mostraste qualquer arrependimento…
Ignoraste a minhas lágrimas que ainda são visíveis
Foste e não quiseste saber da dor que ainda me esventra…
Levaste metade do meu coração e parte da razão
Foste embora apagando o teu rasto mas eu não te esqueço…
Madalena Leitão
20 de julho 2012
Guardo-te em mim
Deixaste-me memórias e folhas rasgadas do nosso livro
Deste-me um pedaço de ti que mal me deixaste conhecer
Fiquei aqui petrificada à espera que me desses um sinal
Continuo à espera que chegues e me leves contigo por aí
Beijo a fotografia em que me acenas e gritas o meu nome
Já li as tuas mensagens tantas vezes que as sei de cor
Tudo me faz lembrar o teu olhar, a tua voz, a tua rebeldia
O meu pulsar chama-te e a minha solidão anseia por ti
Dá-me um abraço para eu me despedir como mereço
Dá-me um beijo para eu ficar com o sabor dos teus lábios
Volta para eu te mostrar o quanto guardo de ti em mim
Madalena Leitão
30 de julho 2012
Promessa por cumprir
Sentados à beira do abismo convenceste-me a vencer
Sentados à beira-mar convenceste-me a navegar contigo
Prometeste que serias o leme na travessia das tempestades
Prometeste que serias as velas no aproveitamento dos ventos
Deste-me a mão sempre que escorreguei no porão e no convés
Deste-me o teu ombro para eu chorar as mágoas e os medos
Deitados na areia fizemos planos e brincámos com as nuvens
Fomos piratas, fadas, sereias, dragões, elfos e extraterrestres
Sonhámos e viajámos juntos em segredo e em cumplicidade
Trocámos pensamentos, devaneios, vontades e lembranças
Prometemos ser felizes e capazes de prosseguir a nossa viagem
Agora viajo sozinha, sem a tua mão, sem o teu ombro, sem ti
Mas não sou capaz de cumprir a promessa. Não consigo ser feliz
Madalena Leitão
30 de julho 2012
Equilíbrio
Viver entre o Céu e a Terra
Viver entre a sanidade e a doença
Saltar do linear para a loucura
Saltar do êxtase para a dormência
Caminhar descalça entre ruínas
Caminhar de saltos na passadeira vermelha
Rebolar numa falésia de espinhos
Rebolar nas dunas de areias limpas e macias
Equilíbrio é morar entre o princípio e o fim
Madalena Leitão
8 de abril, 2013
Mãe simplesmente ama
Carrega amor, suporta a dor
Explode de ansiedade e carinho
Embala apaixonada o seu rebento
Aconchega-o no seu colo de ternura
Pinta-lhe o futuro numa tela de seda
Seca-lhe as lágrimas e aponta caminhos
Ama incondicionalmente
Abraça saudosamente
Beija docemente
Ama… simplesmente
Madalena Leitão
2 de maio de 2013
A antítese
Se magoei, curei
Se magoaste, foste
Se feri, justifiquei
Se feriste, ignoraste
Se amei, peço desculpa
Se amaste, não pressenti
Se fui verdade, mea culpa
Se foste verdade, não vi
Se não esqueço é amor
Se já esqueceste é dor
Se recordo é fantasia
Se recordas é ironia
Madalena Leitão
11 de junho de 2013
Resguardo-me de ti e de mim
Escondo-me de ti, envergonhada
Coro se me percorres com o teu olhar
Fujo da sensação de sentir o que sinto por ti
E enclausuro-me a sete chaves numa cela gélida
Corro por montes e vales à procura de me perder
Navego pelos sete mares na esperança de naufragar
Choro pelos sonhos desenhados e agora desvanecidos
Sorrio pelas memórias que me tatuaste no coração
Deito-me num lago de lágrimas secas
E adormeço nos braços da mágoa
Madalena Leitão
12 de novembro de 2013
Sonhos de um sonho
Vou sonhar com campos de rosas silvestres, doces, escarlates e livres
Vou sonhar com a liberdade de não as colher mas de as cheirar e amar
Podá-las-ei com mãos de seda e veludo
Regá-las-ei de ternura e de esperança
Abrirei as janelas dos céus para que cada raio de sol as embale docemente
Cantarei às nuvens para que as reguem com gotinhas de encantos brandos
Beijarei uma a uma com cuidado e amor
Segredarei a cada uma os meus sonhos
Madalena Leitão
1 de dezembro de 2013
Sobra-me tempo em falta
Sinto falta de um tempo mágico e doce
aquele em que livremente sonhava
aquele em que corria atrás de mariposas
aquele em que o céu era o único limite
e em que te importavas com o meu choro
Sobra-me agora tempo de dor da tua ausência
que me devora a alma e me dilacera o coração
que me desventra e me faz suspirar de saudade
que me sufoca e esmaga até agonizar de mágoa
e que me ceifa impiedosamente todos os sentidos
Sinto falta do tempo em que nos sobrava tempo
Madalena Leitão
10 de janeiro de 2014
Espelho-me em ti
Revejo-me no brilho dos teus olhos
Sinto-me na doçura dos teus mimos
Cheiro-me na suavidade da tua pele
Ouço-me nas batidas do teu coração
Leio os teus pensamentos
Adivinho as tuas desditas
Festejo as tuas glórias
Espelho-me em ti
Madalena Leitão
28 de janeiro de 2014
Um dia soltas as amarras e zarpas
Chegará o dia em que te verás a ti e não à tua sombra
Chegará o dia em que renunciarás à apatia e ao perdão
Verás como o sol brilha ainda que por trás das nuvens
Verás que a lua surge com fases distintas mas que é uma só
Um dia entrarás no veleiro que está esquecido na enseada
Iças as velas, olhas em redor, despedes-te da monotonia
Fechas os olhos e sonharás com aquilo que nunca viveste
Com o vento na pele a chamar-te, soltas as amarras e zarpas
Madalena Leitão
9 de fevereiro de 2014
Opostos
Hiberno no frio da incapacidade de me amares
Desabrocho no calor da ternura do teu abraço
Madalena Leitão
20 de março de 2014
O meu olhar em ti
Os meus olhos falam o que a boca não pode expressar
Os meus olhos amam o que o coração não pode dizer
Os meus olhos sentem o que a alma não pode contar
Mas os meus olhos estão cansados de te não ver
Mas os meus olhos estão tristes de te não beijar
Mas os meus olhos estão morrendo por te não ter
Os meus olhos nos teus seriam oceanos e mares
Os meus olhos nos teus seriam chuva de estrelas
Os meus olhos nos teus cantariam por me amares
Madalena Leitão
29 de março de 2014
A vida em jogo
Lidas com a vida como se fosse um jogo
Tratas os outros como cartas de poker
Calculas ao milímetro a jogada seguinte
Ambicionas para ti todos os royal flush
Tens um jeito inato nos bluffs que fazes
E insistes sempre em aumentar as apostas
Mas esqueces que a vida é mais sábia que tu
Afinal também és frágil; falhas e fraquejas
As tuas cartas ficam expostas sem o quereres
Todos ficam a saber as jogadas arquitetadas
E o teu jogo desmorona-se desastrosamente
Tal como um castelo de cartas após um sopro
Madalena Leitão
10 de maio, 2014
Os meus fantasmas
Quem me dá a mão na escuridão?
Quem me afaga nas longas insónias?
Quem me embala na dura solidão?
És tu quem me estende os braços
És tu quem me acorda a sorrir
És tu quem me lê as vontades
És o sonho, paixão dos livros
O desejo, imaginação dos filmes
O amor, tragédia dos teatros
Quem me leva os meus fantasmas?
Madalena Leitão
3 de junho, 2014
Sob vários primas
Vês-me de que lado?
De um, sou o que queres ver.
De outro, sou o que nunca verás.
Tenho mais lados, os que não quero que leias.
Sou muito mais do aquilo que observas.
Sou também o que quero que jamais sintas.
Madalena Leitão
1 de janeiro de 2015
Incompleta
Metade de mim diz que sim, outra diz que não
Metade de mim sente, outra está dormente
Metade de mim pensa, outra nada vislumbra
Metade de mim recorda-te, outra esquece-te
Madalena Leitão
19 de fevereiro de 2015
A magia dos nossos dedos
Sinto o entrelaçar dos nossos dedos como um toque de magia
É a simbiose mais perfeita dos nossos corpos. É transparente
Confessa a ternura que nos escorre do coração e da vontade
Madalena Leitão
22 de fevereiro de 2015
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