Sou tudo quanto dou e devo
Sei d’tudo quanto dou e devo,
Sou o que entrego tudo dum todo,
Ainda que não seja a verdade,
Essa é entre mim e esse outro,
Que bora seja ele, nem tud’o
Que digo é propriamente seu
Ou sequer meu, esse outro que sou
Sendo gora ele, a esse devo a edição
De mim mesmo, disparatada
Absurda que duvido alguém
Possa descrever d’outra
Forma sentindo igual modo,
Alternando o contrário com
O oposto, vazio com cheio, velho
Com novo, passado com futuros, vários
Súbitos e não calculados são
Apenas e só os outros, não
Aquilo que sou eu, único e eu só
Que me reconheço como sendo
O outro a quem dev’o mundo
E outros muitos, insólitos num
Dos lados, no outro a mesma
Pegada minha, nem verdadeira
Nem falsa ou variada, ausente
Entre outros que me estranham
Quanto eu me estranho a mim,
Esse mesmo, aquele que esconde
E mostra nada menos que coisa
Alguma nova, ousada, amêndoa
Amarga, aragem que vai e vem,
Eu sou aquele que não está lá, nem
Enquanto o outro, atento vinha, vai-
-Vem …
Joel Matos ( 17 Dezembro 2021)
http://joel-matos.blogspot.com
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