Sonho sonhos em que não creio, sem meio nem fim,
Numa laguna sem fundo, padeço de sonhar à noite, enseada,
O molhe, atóis atolados de vultos, negras redes e mal-
-Formados "nados-mortos", prematuros sonhos, vagas
De fugaz fumo, insectos alados, mudos sonhos, Cedros-
-Escuros nos "Soltos-Muros", Mundos sem quem,
Nem alguém, a não ser eu que me perdi, perco-
-Me em impensáveis sonhos sentindo fraca a força
De não querer passar só e a nado, sem barqueiro,
Frustrado sonho, sem fim, nem meio, d'en borco,
Sonho sonhos em que me perco do corpo esférico,
Renuncio à substância em que me faço, eu, um recém-
-Criado, repudio e renuncio a uma nova veste, um novo
Vazio composto por um destino que desconheço nem sei
Usar, um meio não físico, tão fora, para pensar perfeito
Outra intima forma de tender um sonho, sendo-o sem
O querer ser, visível quanto a sensação da névoa,
Incógnito o não dito, desconheço o que posso ver
Pra'lém do ver ultimo, oculto e não tido por nenhum
Outro ser, vivo ou ido, ansioso eu, ser entendido
Noutros mundos, creio neste não, de pá e picareta,
Mas no veículo alienatário de movimento perpétuo e
Constante, meus olhos, feitos planetas e orbitando o
Cosmos. Rodeio-me de elementos espirituais como seja
A areia, a seiva e o esperma, o barro e, como eles,
Sonho sonhos sonhados que não creio, sem fim
Nem meio, alcunho-os de juncos e limos, lugares
Sem margens, desfiladeiros onde cobradores
De almas se escondem, madrugadas afora, cautelosos,
Pacientes vermes, cinza em verde e receio...
Joel Matos 11/2019
Http://joel-matos.blogspot.com
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