Português
Eu, que me escondo sob a fantasia de alguém que se esconde,
Entre cortinas aveludadas cor de moscatel, compridas, a arrastar no chão.
Elas diante de mim e diante delas o público, que aguarda que me descubra, sedento por me descobrir.
Rasgo a cortina.
Piso o palco.
O pé direito antecipa o esquerdo que o segue e, bambos, alinham-se.
De frente para o público. Descoberta.
Aplausos ansiosos, devoradores, húmidos, aguados.
O silêncio. A expetativa.
Eu, diante das cortinas pingadas. Pronta, fantasio.
E acaba a farsa.
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