foi a inquieta mutação nas mãos de um oleiro
que lustrou o pesar de uma lágrima teimosa e, caída,
dilatou-se no momento em que o vento se desatou
e o rio se precipitou com uma rodela de limão
ao som de uma harpa de Abril. talvez não.
- foi o descanso de Deus ao sétimo verso -
ou a nuvem pesada que desmaiou sobre o céu bárbaro
ferindo as estrelas, que se ofenderam, e se desalinharam do mar
enquanto as pedras sardónicas rezavam
para que as armas não se enrolassem em vogais abertas. talvez não.
foi a madrugada impudica, na maciez de um corpo livre passada num bordel
construído com vigas de loucura onde se afagaram os sexos desprotegidos
para depois se ouvir o inaudito choro que ecoa no trajecto da sutura umbilical. talvez não.
foi a perfumada Eva de ancas esguias e, num segundo, evolaram-se os anos.
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