O Amor andava tão apaixonado
que não percebeu que o Ciúme
ficara desesperado.
Por onde o Amor passava,
ia deixando um rastro
de perfume tão suave,
que todos os corações sucumbiam,
apaixonados.
Ofereciam flores,
enviavam beijos,
seguiam-no como anjos em cortejo,
afofando as nuvens para que o Amor
se sentisse cada vez mais amado.
O Amor se sentia assim
levemente acariciado,
como a brisa que soprava
e o levava por lugares
nunca antes sonhados.
O Amor jamais imaginou
que pudesse pelo Ciúme ser amaldiçoado.
Esse sentimento um tanto exagerado,
o deixou um dia tão magoado,
por que jamais pensou
que pudesse estar sendo enganado.
Doava amor por todos os poros
e quanto mais amor doava,
mais se sentia incomodado
pelo Ciúme,
seu eterno enamorado,
que jamais o deixava sossegado.
Quando descobriu que o Amor
jamais seria derrotado,
o Ciúme ficou amargurado,
espreitou com cuidado,
para ver se o Amor
encontrara um novo namorado.
O Amor de nada desconfiava,
enquanto o Ciúme
armava uma cilada,
para acabar com o Amor,
ainda naquela madrugada.
No caminho para casa,
depois de uma longa caminhada
pela estrada,
colhendo lírios e amores-perfeitos,
o Amor pelo Ciúme foi interpelado
e quanto mais se explicava,
mais se sentia indignado,
com tamanha insinuação
pelo seu passeio tão inocente,
que fizera sem nenhum intenção
de magoar ninguém.
O Ciúme não aceitou a explicação
e decidiu que a partir de então,
não deixaria mais o Amor
sair sozinho por vales , alamedas e jardins,
colhendo as florzinhas da estação.
Decidiu que daquele momento em diante,
habitaria para sempre o seu coração,
e essa foi a maldição
que o Amor carrega consigo,
de geração à geração,
sem jamais deixar livre
um só coração...
Débora Benvenuti
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