Luto
Morte saudável
De quem um dia já foi feliz
De quem um dia inocente era
Humano que ninguém quis.
Nascimento degradado
De um ser frio e mal amado
Em busca de sonhos gorados
Pesadelos realizados.
Abraço o pensamento
Retiro o sentimento
Fecho por um momento
A bondade não aguento.
Nu e Cru
Combater fogo com fogo
Impossível é, impossível foi
Afogo-me no desafogo
Deste ser que me corrói.
Deslumbre cega o ego
Em nada amarras o tudo
Retiro a venda ao cego
Descozo as linhas do mudo.
Descoberta de uma revelação
Espírito pequeno à procura de atenção
Dele me desapego, não dou a mão
Desbloqueio a mente e fecho o coração.
Aborto
Uma vida de desapego
Uma vida sem amor
Ele alimentou o seu ego
E fez crescer o meu rancor.
Compreendi o seu propósito
Compreendi na desilusão,
Nasci para ser o depósito
Das falhas do seu coração.
À sua imagem me quis moldar
Da sua imagem me desprendi
Não me estou a revoltar
Porque de nascer me arrependi.
Resurgimento
Perco me na ignorância
De um adulto moldado e magoado
Ele que cresceu sem infância
Como se fosse violado.
Histórias com fim, sem começo
Segredos esquisitos e sem nexo
Uma chave ao Destino peço
Para bloquear o passado cruel e complexo.
Criança perdida raptada
Pela vida foi ensinada
Cresceu triste, cicatrizada
Uma ferida aberta ensaguentada.
Paralelamente
Duas almas destinadas
A sofrer de mãos dadas
Mãos inexistentes, desfocadas
Nada é nosso, somos inadaptadas.
Duas almas quebradas
Feridas. Nunca realizadas
Não amam a vida, são marcadas
Diferenças firmes, separadas.
Duas almas apaixonadas
Nunca serão amantes
Perdem-se por instantes
Em pensamentos errantes.
Maldição
Foi amaldiçoado
Por dois seres foi criado
Cresceu diferente, disfarçado
Não pode mudar, é magoado.
Bipolar deprimido
Sem controle assumido
Tudo é melancolia, tem sido
Paralelo ao mundo, não nascido.
Não se pode expressar
Os outros vai despertar
Despertar a maldade no olhar
E fazer o mal neles acordar.
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