Um medo - natural como a sede -
Cresce. Seca a garganta
Da mesma maneira que querer água.
Os punhos cerram-se.
(Se não roesse as unhas
Com esta força, talvez,
Só talvez,
Sangrasse um pouco)
A dúvida persiste
O medo insiste
A força evapora-se
E a garganta seca
(Não há água que me valha.)
Lutar pelo que quero.
Mas avistando já as intempéries
Temer prever fraquejar
- Incapaz de pular o muro
Cair redondo sem conseguir alcançar.
Depois os acontecimentos recentes
Fazem-se voz - Quando há agora quem não possa ter medo
E tu paralisas-te
Achas isso bem? Sequer?
Então lentamente puxar a âncora que prendia
Com cuidado para não arrancar a pele das mãos
(Há de ser precisa para agarrar tudo)
E com o medo no peito respirar!
Fechar os olhos quando os olhos enganam.
(Às vezes olhar traz ideias que não somos nós.)
E às tantas a garganta seca mas já sabemos beber.
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