Português
Amei por amar os homens com quem dormi
Tomei-lhes o gosto com se toma ao vinho
Seduzi-os com poemas segredados em burburinho
Amei tão intensamente como sofri
Fui a mais devassa das amantes
Fiz-me um daqueles anjos errantes
Tive em troca o nada que sobrou de mim
Por amar amores como se ama sem fim
Fui a mais tempestuosa donzela
Vivi a vida desejando a morte por ser bela
Em pecados e em dores me consumi
E pelas dores e nos amores eu me perdi
Deram-me nome de flor
E à terra me retornaram
Quando pus fim a minha dor
E os poemas que em vida escrevi
Floresceram nos dedos dos amaldiçoados
Que no meu jardim de mágoas foram aprisionados
(homenagem a Florbela Espanca)
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