Eu, que me vejo entre colinas,
Entre cortinas de medo,
Medo de ficar por baixo,
Medo de estar no degredo;
Eu que por várias vezes,
Ouvi a exclamação terrífica:
- Ei! Tu és alguém especial!
Ignorando o que significa "alguém";
Eu que sempre fui príncipe,
Entre os pobres de alma,
E rebaixado por ensinos superiores,
Que não sabem ler um texto;
Eu que tantas, tantas vezes,
Fui esperado por muitos,
E quantas mais esperei,
Por demasiado tempo,
Eu,
Mortal no mundo,
Resistente ao bloqueio de racionalidade,
Dono de introspeção vil,
Plantador de realidades,
(algumas tão insultuosas
Quanto doutrinas religiosas)
Mágico pagão e Deus,
Frequentador desta comunidade,
Ou comodidade se quiser,
Eu! Mortal no mundo!
Que tantas vezes chorei em vão,
E sem razão me vi bloqueado,
Estilhaçado e esmagado,
Como todos os outros mortais,
Criador de sorrisos acidentais,
Indiferentes ao desdém,
Amante a nível de sarjeta,
Como todos os que leem o que escrevo,
Como todos os que ouvem o que digo,
Mortais, imperfeitos no seu ser,
(porque a perfeição é inalcançável);
Eu, que me vejo intocável,
Porque a aparência me desagrada,
Ignorando cada bom conselho,
Pela reles opinião do espelho;
Eu que me descrevo,
Tão abertamente entre linhas,
E que sei o quanto é verdade,
Verdade de todos nós;
Eu que sempre cansado de tudo,
E cansado de mim me vejo,
Cair nos lençóis proibidos,
Para dar lugar ao desejo;
Eu, mortal no mundo, digo-vos,
E sou tanto quanto os outros,
Um mero acaso da sorte,
Porque na morte... Somos todos iguais.
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