A Eternidade, o Amor e a Saudade

 

A Eternidade, o Amor e a Saudade

Português

A Saudade e o Amor

diante da Eternidade

foram se encontrar,

para tentar explicar

o que andavam fazendo,

e cada qual ao seu modo

foram se expressando:

- A Saudade disse que havia deixado

muitos corações despedaçados,

enquanto o Amor tentava compor

os caquinhos estilhaçados,

que a Saudade ia deixando pelo caminho.

Quanto mais longe de um coração

se encontrava,

mais a Saudade ia deixando a sua mágoa

e o coração mais apertado ficava,

cada vez que a Saudade passava.

De tanto consolar um coração,

o Amor acabou também ficando apaixonado,

pelo mesmo coração,

que a Saudade havia deixado.

A Saudade, sabendo então

que o coração estava de novo apaixonado,

resolveu voltar e questionar o seu lugar.

O Amor, sabedor de todos os males

que a Saudade havia deixado

nesse coração tão amargurado,

jurou, diante da Eternidade,

que jamais havia deixado

alguém tão só e desesperado.

A Eternidade,

conhecedora de toda a enfermidade

que a Saudade causava,

disse que o Amor era superior

a toda essa crueldade,

causado pela Saudade,

e resolveu que a partir desse momento,

cada vez que um coração se julgasse

aprisionado pela Saudade,

teria o direito de escolher o Amor

que mais afeto despertasse

e deixar a Saudade seguir

a mesma estrada que havia trilhado,

quando abandonou o coração,

já tão gasto e humilhado.

Daquele dia em diante,

o Amor e a Saudade nunca mais

foram vistos habitando um mesmo coração.

Quando a Saudade passava,

o Amor se fingia de cego,

para não ver a Saudade,

diante da Eternidade,

fazer juras de Amor

e enganar o Coração,

que mesmo apaixonado

ainda pensava na Saudade...

 

 

Débora Benvenuti

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