- Poema 1
“Condutores não isolados”
Que movem energia,
Que repulsam cargas negativas dos corpos vizinhos,
Que os deixam geralmente com carga geral positiva.
Consta que não possuem telhados de vidro,
Não andam em pezinhos de lã.
E quando em equilíbrio, não incomodam ninguém,
Transmitem energia igualmente por toda a sua área.
No entanto, caso possuam alguma curvatura fora do normal,
Todas as cargas externas se irão focar intensamente nessa zona da sua exterior superfície.
Não importa a distância a que estejam de outro corpo,
Pode sempre influenciá-lo,
Alterá-lo,
Permanentemente.
Condutores que não precisam de se esconder,
Que não têm problemas em partilhar,
E que sonham mudar o mundo.
É física ou é vida?
- Poema 2
“Não sei quem sou”
Não sei quem sou. Algum dia soubeste?
Subo ao cimo do penhasco mais alto e chamo por mim. Achas que te ouves?
O grito sai e esvai-se no vento que sopra forte. Quem és tu?
Desço à gruta mais funda e escavo em busca de respostas. Que não estão aí.
Quem sou eu? Não sabes?
Sou o que vejo neste espelho? Um reflexo.
Sou o que te digo ou o que penso? Uma miragem.
Sou esta carne viva? Estes olhos, esta boca? Um animal.
Porque vivo? Porque vivemos?
Qual o sentido do meu viver? O meu objectivo? Tem de haver algum?
Porque me olhas? Porque és tu.
Porque falas de mim e me respondes? Porque sou tu.
Porque bem lá no fundo sei quem és.
Como tu o sabes, porque sou tu e tu és eu.
- Poema 3
“É Estranho”
Estranho,
Que estranho é estranhado ser,
Entranhado na estranheza
Do que ver, não esperei.
És estranho?
Porque vês no que estranho,
Uma mesma estranheza.
Tal como estranhas
Quem devagar na estrada vazia anda,
Quem vê para além de paredes,
Quem jovem relembra tempos passados…
É estranho seres estranho,
Mas é bom estranhar a vida.
Primeiro estranha-se, depois entranha-se.
- Poema 4
“Razão de acontecer”
Razão de conhecer,
Razão de compreender,
Razão de sonhar com o conhecido,
Razão de sonhar com o compreendido,
Razão de sonhar com o desconhecido.
A razão que não depende dos sentidos,
Vemo-nos, sentimo-nos,
Num tornado de borboletas no estômago
Sempre que a razão assim o suscita.
Encontros imediatos que não implicam proximidade
Encontros de pensamento, de sonho, (serão ilusão?)
Que entorpecem as mãos e a vida.
Encontros parados no tempo.
Vultos na estação que para sempre lá permaneceram,
Músicas suadas e cantigas perdidas na imensa alegria.
É teleporte em grande escala,
(A distância tudo une)
É eterna gratidão,
Com travos de coco, calor e fado.
Não se trata de um amor.
Não se trata de dor.
É cor,
Um reconhecido sabor
Que da memória não poderei apagar.
- Poema 5
Passa como uma miragem
Num esquecido deserto sem oásis.
Olho e tudo parece igual.
Responde em tom de brisa numa tarde amena.
Talvez nada tenha mudado ou talvez tudo tenha ficado solto,
Como sempre esteve, à deriva
Quero perguntar um ínfimo de dúvidas que a voz cala.
Onde estiveste? Talvez nunca tenhas ficado.
Talvez nunca o “ficar” fez parte e acreditei.
O tempo não pára no relógio adormecido.
O sentimento cai como o mundo parece
Cair.
Quando tudo se demonstra errado
Na verdade, é a ilusão que entra
E empurra, desejando a queda.
O mundo está lá.
Desprender talvez seja o melhor,
Largar.
Agarrar é apoderar a alegria de um sol
De Verão que abafa o feito incómodo do ar.
Um ciclo de viragem começa,
Talvez apenas queira voar
Com as minhas próprias asas.
Quando olhar, em vez de passar e ser um céu,
Fica apenas como um vento que vai; não volta.
Sigo o caminho sem chão marcado deixando de querer entender.
Só e somente, voando.
· Poema 6
Sonho que tenho
O que ter não posso
Conto os dias, as horas, os momentos,
Os sorrisos, os lamentos
As dores sangrentas, os beijos enganosos
Os encontros ilusórios, piedosos,
E fugir parece o mais correto fazer
Desaparecer, para que o coração não mais me doa.
Mas é sublime, essa corrente invisível que me tens ao pescoço
Definitiva, espero que o não seja
Pois quero um dia poder dizer~
"Sou eu a ter sem ter de sofrer".
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