Começa tudo na chama da lareira, onde o copo de vinho termina apenas quando a noite acaba.
Lentamente as brasas consomem-se entre si e a cinza nasce para lembrar que, por muito forte que seja o lume, ele acabará por se resumir a isso mesmo…cinza.
No abismo da luz da chama, a tua voz quente incendeia o escuro da noite e relembra tempos que ainda não foram. O passado fica à frente e o futuro lá atrás, da montanha fria da incerteza.
Saberei mais do que o lume me faz sentir, mas serei menos que a cinza. Pó. Nada…
E entre as cinzas que deslumbro, renasce a visão de um mundo meu, onde ando perdida e encontrada pelo que tu e os outros me fazem ter de ser, por entre os dedos da imaginação.
E assim vou brincando com as palavras e com a chama do fogo, como se nada me tocasse para além da carne…para além do que permito em mim ser verdade em mentiras que me fazem seguir como sendo verdades absolutas.
Conseguirei ser eu, mesmo sendo eu a sombra de alguém que por mim tenha passado?...
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Entre Cinzas e Chamas
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