Quando mais penso em ti…
Redesenho momentos e emoções
Ponho a bandeira a meia haste
Enterro o tempo que se finou pendurado
Num letreiro das palavras encenadas
Vestindo o manequim de tantas saudades coleccionadas
Quando mais penso em ti…
Tiro um retrato onde pereço no roteiro
Da vida esvaziando todas as palavras
Empacotadas nas memórias acirradas
Carimbo destes versos embebedando a noite
Deitada no esquife da insónia mais profana e resignada
Quando mais penso em ti…
Que farei perante o desejo esquecido…inquinado
Pensamento marginal e delirante pisando as pálpebras
À noite agonizada
Espectro místico de uma sombra oculta no vestíbulo
De todas as solidões aqui marginalizadas
Quando mais penso em ti…
Que esqueleto da minha existência vestirei
Que alma abrigarei nesta estrofe (in)compatível
Silenciada no patíbulo do tempo adiado inexequível
Metamorfose da vida onde larva minha existência
Já sem lógica…soletrada num ímpeto de desejos
Olímpicos e anárquicos
Quando mais penso em ti…
Apenas e só resta uma saudade orlando cada nuance
Da gentil luz volúvel e cronológica
Uma emparedada distância alongando cada hora
Mais senil e breve…imperecível, semítica e nostálgica
Quando mais penso em ti…
Cada instante é um momento e cada
Momento uma exactidão metódica estética e empática
É química e rebeldia, desordem genética síndrome
De um desejo grácil urdido no silêncio afrodisíaco
Benzocaína onde me deleito volátil e maníaco
Frederico de Castro
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