Conversavam muito, os joelhos de ambos.
Conversas intermináveis de pele, silêncios.
Pequenos toques, choques, suor…entre as duas superfícies.
Ele falava mais de cinema enquanto ela falava mais de livros.
Às vezes discutiam porque ele achava que o filme era melhor; ela era da opinião de que “o livro é sempre melhor”.
Afastavam-se.
O joelho dela era sempre mais amuado que o joelho dele.
Mas o joelho dele era mais brincalhão que o joelho dela.
Era sempre o joelho dele que tomava a iniciativa das conciliações.
Aproximava-se sorrateiro e deliciosamente sedutor e dava, no joelho dela, marradinhas apaixonadas e cheias de música.
E ela, deixava-se ficar pequena, sorria sem ele ver.
Arrepiava-se-lhe a pele dos braços e aquela pele fininha do pulso.
E, como gostava muito de música, envolvia-se na cantiga do joelho dele e deixava-se levar.
A cantiga de amor do joelho dele era, sem qualquer dúvida, a melodia que ela gostava mais.
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