Confesso-me estranha e extremamente consciente da pouca voz e da minha vulgar opinião, rouco profissional, maltalhado na árdua tarefa de mensageiro de vocábulos, placebo sem muita voz, dono duma história simples, gutural de simples existencialismo e banal, sem experiência provada, sem palavras nem alta aptidão vocal, vocabular, pouco nobre no que digo e inexpressivo ao ponto de mesmo adormecer pensando mole, infecundo, sendo eu o meu maior enigma e o inimigo que eu próprio mais temo, tenho e terei para sempre e doravante para me diluir em dois, dividir-me para duvidar melhor, de reinventar-me ao cubo num futuro e instante plausível que pode nem vir a dar-se e a propósito de nada. À falta de imaginação e à sensação insensata de escassez de criatividade, expresso-me por chavões sem fruto e através de impressões fáceis, frágeis, alheias na maior parte das vezes e da minha menor dimensão física de “Zé Ninguém”, encontro-me impresso nas expressões faciais, nos rostos do que sinto no fundo, e em mim dentro, impróprio não só na acção ou no que faça e veja para deprimir a razão oposta ao acto vital, virtual embora até nisso o raciocínio muitas vezes dê erro, um fatal engano em y, ao sentar-me dirimido, de pernas trocadas, cruzadas, tortas, ou quando me sinto irónico e obvio, tenho-me ainda assim como um covarde coercivo, um indigno indígena de Porto-Fino, um valentão de circo, matulão convencido de praça publica, charlatão sentado, sem força embora com vigor para realmente desertar ainda e de mim próprio, fiquei-me pelo que fiz, ainda que me batam, não vou à luta pelo que vejo à primeira vista, no decote das blusas, os seios, o brilho da pele, o cetim e o receio, um aviso sem letras nem letreiro que diz, dirá provavelmente “não tens valia”, ou então, “não és senão esquecimento”, sei que não sou a conjugação perfeita nem a remissão dos pecados do peito dos outros me fará atleta da sensibilidade alheia, monarca ateu dos meus próprios princípios, o meu básico “entediamento” é moral e congénito, não demovo maçónicas lojas meio cheias de apáticos viscerais cavalheiros, nem a emoção me domina raramente menos que a cem por cento, nem determina quem há-de-me ouvir nos fastidiosos auditórios, o custo e a serventia da singularidade não é um dogma pungente, nem a espontaneidade uma acção abstrata, obscura ou bastarda, parada no tempo, cada um tem a sua própria marca ferrada ou ferroada de abelhão, crivada no corpo, somos equivalentes e polivalentes, equidistantes monólitos cerâmicos, herméticos malabaristas por de dentro quanto basta, mistérios e sombras quase sempre em nós dão erro, incompreensão, desconhecimento, nados mortos, iguais a baixos relevos, a razão nas formas das coisas consistentes, o material dos dedos, metais pesados iméritos, inéditos, misteriosos quiçá imperfeitos, quanto o nosso rosto refractado nos gelos, neste silêncio amorfo de deuses, graffitis pintados nas paredes, devoradores de temores, receios infundados, basilares subterfúgios para quem não age após ofendido e dá outra face com vontade de tornar a ser fendido no queixo e no amor próprio, um antisséptico baptizado de contrição, remorso e de culpa inócua, contradições de poeta prosaico, em itálico.
Basta me sente pra que me pense, cansado do tempo de espera, sem ideia alguma, ganhe vida qualquer coisa funda, abstrata, uma lembrança nativa da fadiga, iconoclasta insensatez procedente do cansaço vazio que é não pensar tanto, assim como uma espécie de absurdo arrependimento de que me perco a pensar e do poderia ser pensado, manifestado quando digo de mim para mim sem eco ou objecto, cada um tem do seu esquecimento uma ideia, inquilina de curta memoria, só eu não sei onde estou quando me castigo por caminhos sem saída nem asfalto, nem voo e o que penso ser real é apenas uma fantasia, um espigão, uma mera opinião minha que me achou e que me faz achar senão artesão de minha própria vontade tida, mas não, sou apenas aquele que se pensa a meio, assim como uma porta entreaberta que se acha de par em par aberta, sou eu suponho aquele que se aparenta em si mais ao sonho, que o sonho em si, ele mesmo estranho, se estranha.
Sinto-me pobre, um “ Seu Dirceu” ou um mosquito Ignicio, um certo insecto insectívoro da imaginação, aquele que nem a si próprio ou a si mesmo se inventa ou se explica por gestos, excita-me esse principio lavado e limpo, a indecisão básica de estagiário, inclusive igual ao que creio e reflcito na condição leve, breve que se me cola na língua e o corpo à carne, igual a outros e como eles, único bem que temos, sermos unos com quem nos habita, termos língua olhos e mente doutros, guarida e desterro num único lugar aparente sem que o busquemos, sem sabermos ao certo o limite do nosso território de elite, imenso… ou que ele existe, se eu existo todavia, sendo eu o infinito eternamente sou, serei “invictro” na consciência das coisas vivas e animadas, sermos nós deuses dos que se erguem da terra e os que nos levam nos ares, eles mesmo ilimitadas mutações de nós mesmo, eleitos eleitores dos nosso próprios sentimentos e paixões.
A satisfação que me é dada pelo espirito quando sonho não se compara ao mundo que faculta o sonhar, o que sinto ao sonhar vai mais além que a alegria do corpo ou a letargia do sono em que certos nervos motores se entregam a mitigar na calma o sossego e a alma, o sonho vai mais além a modelar mundos a moldar leis da física e reinos adolescentes, incandescentes e curiosos, viçosos e ao som da mente, reinos onde tudo pode acontecer, sendo eu súbdito e rei, monarca absoluto de mim, eu autentico mestre/Sensei.
A derrota da subtileza será das tristezas mais tristes e vis, mais aguda e estranha em mil e uma formas de fracasso áspero, ácido e agressivo, aquele que mais assusta e se perpetua, desapropria e aprofunda na pele, os gânglios, os cabelos, as meninges do cérebro.
A banalidade é benevolente, uma mentira bondosa tal como como o obelisco a um soldado desconhecido e morto, não deve ser cultivada nem regada de forma a brotarem rebentos jovens, assim como dois noivos em pé, juvenis, virgens de valores, viris, parados, separados, transparentes para todo o sempre, à porta do registo civil, ao sábado, ligados pelo umbigo e no simbolismo do altar vago, sem se aproximarem um do outro, nem pelo significado do sim matrimonial, bondoso, caridoso e monótono como tudo que passa sem passar, e não passa de uma ideia falsa de dualidades e bom nome, linhagem, justos irmãos e gémeos até que a morte os separe da vida, existir só ?, impossível e a possibilidade é ficarmos quietos, parados, banais e impotentes, cansados para mudar de lugar, casados de iguais sensações, feitas de canseiras vulgares e opiniões semelhantes, iguais em tudo e também no formato do sal das lágrimas dos dois, parados à porta do tribunal, sentados como sempre.
O meu futuro pessoal é certamente uma incógnita “Zen”, um lugar, uma história em que xis é menor que y e o menos desconhecido dos vectores será realmente o z-do final, um inútil zero. Sou o mais real dos meus sonhos quando me sonho, embora não tenha direito real a uma vida que suponho ser real, sem realmente a saber verdade ou imaginária, esta que possuo, mesquinha, pequenina de um zéfiro mensageiro, placebo sem voz nem percolo, filtro, protocolo ou alçapão, ainda assim considero-me consciente, por dois e “ao-vivo” por dentro, por fora não sou eu que sinto mas ainda um outro …
Joel Matos ( 18 Fevereiro 2021)
http://joel-matos.blogspot.com
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