Hoje penso na marca de um ontem que viveu.
E no último poema da vida, quem o leu?
Muitos perderam as palavras no deserto,
Outros tinham um deserto de palavras.
Tão difícil querer dizer-se tudo
Mas sentir-se que no momento se fica mudo.
Tanta vida por escrever, tantas histórias
Onde ficarão todas essas memórias?
Será que se leva consigo e se fica cá?
Como se lá e cá fosse o tempo de ser.
Penso em todos os últimos poemas da vida,
Como não sendo o fim de nada, nisso quero crer.
A página espera ainda por mim,
Mas sinto a caneta a secar.
É como não haver forma de dizer sim
A este sentir que não quer acabar.
Achar o fim último de algo é absurdo,
Quando a vida tem de eterno as palavras,
Com todas as suas formas e encruzilhadas.
E acabamos todos por achar que as deixamos neste mundo.
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