Levanta os olhos do papel que sentes como sendo a minha pele. Sou mais que folhas onde me escrevo para ti. Cheira-me. Sou como o laranjal em flor que escreve um pomar de histórias prontas a ser colhidas e relidas. Folheia-me, mas sente-me! Sou mais que as palavras que me voam dos dedos... Não me percas no labirinto de letras onde te invado e procuro. Voa antes comigo quando eu sou águia a planar sobre os montes. Toca-me e sente que sou feita de carne e osso e sangue manchado de tinta. Abandona-te na rede que balouça na preguiça da minha mente e perde-te comigo no momento que ainda está por escrever. Vem comigo ser vento que brinca nas folhas e agita as águas do meu regaço. Come morangos na minha boca e sê peregrino no trilho do meu corpo. Folheia-me. Lê-me. Mas olha-me, cheira-me, toca-me. E descobre que sou mais que apenas um livro aberto na palma da tua mão.
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