Quanto desassossego trazes em teu silêncio, nevoeiro escuro talhado de agonias. Impões-te serena, altiva da tua grandeza e sobes-me voraz, no peito desprotegido, abrindo caminho com lâminas de gelo. O sangue quente a perder-se da vida, a vida a perder-se do corpo, o corpo a cair sobre si mesmo, num abismo de desconsolo. A impotência das mãos trémulas, carentes de forças. Os olhos vermelhos de sangue, a querer fugir deste lugar, a olhar o negro, perdidos no desespero. Os pensamentos de morte, sem fim, que trazes em teu silencio, que sobe em meu peito, desprotegido, e aperta como se fosse partir todas as costelas, uma a uma ou de uma só vez. O desassossego que decidiu ser meu companheiro, de todas as horas, que adormece a meu lado, sobre a minha almofada, e acorda comigo, fiel como nada mais. Hoje, como sempre, chegas, e eu passiva, espero, sozinha e desistente. Cansada de mim mesma.
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