Destroços de mim
À deriva encantos perdidos, sonhos desmantelados e a inabalável fé que sulcava o meu ser em névoas de breu no horizonte se dissipou.
O voo da andorinha já não mais transporta a liberdade,
A singela beleza da flor já não ofusca os meus sentidos,
O imenso mar já não abraça o meu sonho de partir,
Apenas aquela sombria e imunda dor tolda as minhas vísceras carregando com ela o desprazer de viver.
Já não encontro o sorriso de uma criança do outro lado da rua de pedra calcetada e pelo homem desenhada,
Já não mais ouço a música que a minha alma embriagava.
Apenas destroços de mim restaram neste caminho tenebroso e solene que percorro sem nunca o encontrar.
E desmedidamente anseio reencontrar o meu ser,
Imaculadamente apanho os pedaços de mim e com eles pintalgo o horizonte que se avizinha com cores de incerteza e, quando os raios de sol fustigam o meu olhar, de esperança...
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