Existir: direito, necessidade ou, simplesmente, uma presença (orgânica)?
Quem, um dia, se lembrou de dar nome às coisas? De classificar as cores? Como eu tenho a certeza que vermelho é vermelho e apenas isso - uma cor -, e que, não é, de todo, aquela outra cor a que chamamos "azul-mar", ou, então, uma ilusão de ótica provocada pela nossa própria mente? Ou outra coisa qualquer.
Amarelo não é amarelo só porque alguém se lembrou de atribuir um nome a uma determinada qualidade de qualquer substância.
Escrevo como penso e penso como falo - aquela voz que todos temos na nossa mente e que me obriga, neste preciso momento, a fazer um parêntese: Quem é essa voz? Porque, no meu caso, não sou eu, de certeza. É uma voz andrógina que não sai da minha mente por um minuto que seja - ou seria possível não pensar.
Agora tenho mesmo que tentar terminar o meu raciocínio, desta vez a tentar prestar, ao mesmo tempo, o máximo de atenção a esta voz interior e a tentar relacioná-la à voz de alguém. Porque, aparentemente, todo o conhecimento que possuímos é relacional. Alguma vez conseguiram olhar para o espelho da forma mais contingente possível, sem ouvirem essa voz latente na vossa mente? Sem atribuírem qualquer característica, juízo de valor - sem qualquer finalidade, no fundo?
Como escrevo como penso, então esta cena é mesmo insana e, finalmente, compreendo o que é esta "gratuitidade de existir", a qual usamos e abusamos até chegarmos ao ponto de acreditar, cegamente, que existimos, aqui e agora, por necessidade. Ou, ridiculamente, por direito.
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A Evolução
Quando a evolução nos pariu qual espécie dotada de lobos frontais desenvolvidos, não estava muito preocupada com questões de sentido, de porquê.
Ela fez de nós meros calhaus com olhos, porque sim.
Portanto concordo com a sua conclusão de que não existimos por necessidade e muito menos por direito.
Mas já que cá estamos...
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