Floriu a magnólia na rotunda,
desacelero olhando-a embevecido,
o carro cheirando a pinheiro da Escandinávia,
comprado no chinês por um eurito.
Uma árvore triangular, papel pastoso,
pastoso e cheiroso, dançando pendurada,
também há de nardos, alfazema e anis,
p’ra gente orgulhosa e narizes mais subtis.
Nunca fui subtil, mas conheço,
o Subtil, e o cunhado dele o Gentil,
reformados de França, plantavam lavanda,
bons petizes, bons narizes.
Eu amo a sensibilidade, as violetas,
a Violeta, a Margarida, a Rosa, a Dália,
e desde gaiato tantas outras vestais,
desde os passeios entre flores de auracária,
desde quando vi tulipas em postais.
Lembro esses passeios matinais, os madrigais,
p’los campos floridos e grandes quintais,
colhendo e cheirando os lírios,
os narcisos, as giestas, papoilas,
os dentes de leão e as moçoilas.
Inspirando fundo, inflando o ego,
o Narciso crescendo em mim,
a experiência c’os feijoeiros,
depois c’as ervilhas de Mendel,
olhar atento à botânica, a Garcia da Horta
ao quinchoso do avô Darwin,
à flora, à fauna, às espécies,
também a Wallace e Lamarck.
Uma semente enterrada num vaso,
o milagre no dia dos meus anos,
o feijoeiro aos onze,
a tulipa aos doze, dum bolbo,
depois um pulo, e eu quase homem,
e aquela tipa, aquelas tipas,
enfiando em mim borboletas vivas,
pelas tripas,
até arrotar, até aprender a dizer
gentis senhoras, meninas, moças,
mulheres.
Existem variegadas espécies,
como os talheres, a cutelaria,
a faiança, a ourivesaria,
mulheres d'oiro a tua tia,
respect,
respect se queres ser respeitado,
e adorado
essa é a verdade rotunda.
Évora, por Humberto Baião aos 07 E 08 de Janeiro do ano de 2018
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