Rasgam-te a pele. Furam-te os olhos e enterram flores mortas pela tua boca a dentro. Enterram-te em terra ensopada de vinagre que te corroi o corpo e te fere a alma. Esgotam todo o resto de sanidade que ainda bombeia no teu coração. Uma loucura que faz parte de ti domina qualquer átomo que ainda podes chamar de teu e ficas parado. Parado como as raízes de um cipestre que vive em terra de cimento no alto da colina. As folhas, ruidas por insectos e furadas por balas atiradas por caçadores deambulam numa dança insatisfatória entre os ais do vento. Querei eu ficar onde não me pertenço? Poderei eu gostar desta podridão que me afoga no esgoto? Atira pedras à minha cabeça... mas com sentimento, caso não haja, deixa-as estar na calçada... lá farão mais sentido. Banha-me de pólvora e atira-me um fósforo a arder. Essa será a minha explosão, o limite da bomba relógio que sussurra tic tac ao meu ouvido. Já não há espaço para amar onde vive o medo. Morro-me, para que amanhã possa voltar a viver.
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