Uma luz imensa me iluminou,
Saída de um sabe-se lá onde,
Trazida por um sabe-se lá quem,
E toda a escuridão ela afastou,
Seu tom era de um mistério,
Oh doce deleito o deste rio,
Oh verde pastagem das margens,
Aquilo que fui já não o digo,
Mas o trago comigo em imagens,
Sou uma eterna apaixonada,
Uma dor aguda me tolda a visão,
Um aperto me impede de comer,
Já não sei que fazer esta sensação,
Nem sequer se irá desaparecer,
Aparece como uma onda do mar,
Uma águia voa no céu azul,
Num vaivém desenfreado,
Voa dirigindo-se para o sul,
Onde o mar é mais salgado,
Ou apenas o tempo mais ameno,
Uma onda enorme surge ao fundo,
Vindo-se a desenrolar até à areia,
Tu te sentes tão só neste mundo,
Que te deixas levar pela corrente,
Sentes tudo à tua maneira,
Oh doce brilho o teu olhar irradia,
Oh doce sorriso os teus lábios mostram,
Mas quem é que algum dia diria,
Que hoje não serás mais aquela menina,
Enrolado com uma fita de cetim,
Um mar imenso de palavras se esconde,
Nele está uma boa parte de mim,
Que se encontra não se sabe onde,
O sol dá lugar à lua, o dia à noite,
Mas será esta a ordem correta?
O rio dá lugar ao mar, a vida à morte,
Porque não é esta uma questão aberta?
Ela me estendia a sua mão,
Suplicando pela minha ajuda,
Pedindo que mostrasse compaixão,
Que libertasse um pouco da angústia,
Do seu rosto caiam pesadas lágrimas,
Da ponte, escondida sobre o luar,
Observo como este rio corre,
Penso se aqui devo continuar,
Enquanto vejo como ele se some,
Minha mente paira no vazio,