O Meia Leca Daquela Aldeia
Aqui, podia contar eu, milhentos contos que sei eu contar. No entanto… conto-vos aqui o conto do pequeno Salvador, que ao longo deste conto que vos conto eu, cresceu em tamanho e em vontade de se realizar!
Este rapazito no início deste pequeno conto que vos conto, era uma criança, um ’’meia leca’’ que acompanhado do seu pequeno amigo de estimação o seu cão Aristides se metiam nas mais divertidas peripécias isto na pequena aldeia de Soldes cravada nos Montes junto à Serra da Estrela na freguesia de Tamanquinhas.
Uma aldeia que apenas tinha os seus velhos 10 residentes e os pais de Salvador o casal mais jovem na faixa dos 45 anos sendo Salvador a única criança da aldeia.
Posso-vos contar agora por exemplo o episódio do dia em que Salvador decidiu ir passear ao lamaçal que ficava no fundo da aldeia com Aristides.
Salvador acabou a tropeçar em qualquer coisa e acabou cheio de lama, ao levantar-se viu o que parecia ser um lobo, acabou a correr para a praceta da aldeia com seu cão e rapidamente deixou os 12 habitantes (contando com seus pais) em alvoroço, todos os habitantes lá foram com pás, enxadas, foices, enfim… o que tivessem à mão, para tratar do raio do bicho… e acabaram a encontrar um velho tronco que lá terá caído. Tanto alvoroço para quê? Enfim… que se haverá de fazer?
Os pais de Salvador rapidamente meteram uma cara de desilusão com o menino, mas pronto… já passou.
Como esta podia eu contar milhentos casos, aquele dia em que Salvador encheu as galinhas com massa das panquecas feitas com ovos estragados (aparentemente), ou o dia em que a criança foi brincar com Aristides para o meio das couves da Horta da Ti Noémia, ou o dia em que o rapaz já com seus 10 anitos cai de uma árvore a baixo, ou a do dia em que se atirou da velha ponte da aldeia para o rio para um pequeno banho no dia da Festa da Santa Benedita, ou aquele em que ele… enfim, já chega que os disparates desta criança não paravam realmente!
Contudo Salvador sempre revelou jeitos para a Corrida, quando ia à sede de freguesia na altura da Festa de Tamanquinhas, já tinha o primeiro lugar da pequena maratona que lá se fazia, na escola do mesmo, era habitual ganhar o corta-mato escolar, um pequeno atleta.
Aos poucos e poucos, aquela criança cresceu, com ele também seu juízo mas as traquinices? Essas lá se foram fazendo, disparates feitos por um rapaz já com idade para não as fazer, enfim… nada de grave!
Ao terminar o seu 12º ano o rapaz quis ir para Lisboa ‘’vou-me tornar num corredor’’ (dizia este), mas os pais do rapaz não estavam a favor deste sonho, queriam que ele ficasse visto que as traquinices não tinham jeitos de terminar e para além disso havia os campos para cultivar, muito trabalho lhe esperava na horta e esta ideia estapafúrdia não passava de um sonho que só esta alminha acreditara se puder realizar.
O rapaz não desistiu, acabou a ir para Lisboa sob compromisso de parar com seus disparates já infantis e arranjar um emprego para financiar este sonho.
Hoje em dia? Meus amigos, este rapaz apareceu ontem nesta velha aldeia, um Homem feito! Entre medalhas e medalhas a nível Internacional, o rapaz revelou-se um verdadeiro talento e realizou o sonho da sua vida, um verdadeiro Homem realizado!
Aqui vos contei eu, o conto do pequeno menino da aldeia de Soldes que conta com a sua determinação, força de vontade e algum Juízo, acabando por conseguir realizar o seu sonho, e tu, segues o teu?
Comentários
Plot twist:
Plot twist:
Chegando à aldeia de medalhas vestidas, aclamado por todos pelas suas prodigiosas investidas nos campos de corrida em que sempre quisera estar, faz-se a festa para o homenagear.
Noite indo já longe e a cerveja tão boa e fresquinha a cabecinha afecta-se e a língua desmente: as medalhas são traquinices de quem nunca se formou gente e o metal mordendo parte e não parte o dente.
BOOOOM