A Fotografia e a Curiosidade

Quem é esse, quem é essa? Eram perguntas que não queriam calar e deixavam a Fotografia sem saber o que dizer. Não é que a Fotografia quisesse esconder alguma coisa, mas já estava farta de tanta pergunta. A Imaginação por sua vez não deixava por menos. Ficava observando os namorados no parque, ao cair da tarde, passeando de mãos dadas e sem que eles percebessem, tirava uma fotografia. E quanto mais a Imaginação se embriagasse com tantas ideias que ela mesma ia tendo, mais bonitas as fotografias ia saindo e mais interesse despertava na Curiosidade. Até que um dia, a Imaginação fotografou uma criança tão delicada, com traços tão angelicais que a Curiosidade não se conteve. Quem é, quem é, perguntava a Curiosidade, ao que a Imaginação respondeu sem mais pensar: é a Felicidade. Posso fotografá-la sem que ela perceba, mas isso muito pouco acontece, pois a Felicidade é feita de momentos tão etéreos e volatilizam tão depressa, que poucos podem ver.

Débora Benvenuti