Triste é ser humano e sofrer como selvagem
Triste é saber que estamos nesta vida de passagem
Triste é ver gente a viver de sacanagem.
Só quero deitar-me ao teu lado, umas horas, um momento dado, em segredo, este ardente desejo, imagino-o quente, o nosso beijo.
Corre depressa para outro lugar
Peça que morre por viver
E diz assim a alagar
A minha fonte de sofrer
Porque agora essa corrente já a levou
O homem das sete cabeças dentro do teu corpo,
prisioneiro nas tuas veias,
enrolado em fios de seda...
Um anónimo duplicado,
sem voz,
sem medo...
Este poço impávido com janelas para a morte,
um telhado de vidro que lhe esconde as feridas em falsas palavras,
o poema morto, o poeta de braços cruzados...
Encurvado,
o maligno cansaço entre as montanhas da dor,
lá longe o rio embalsamado procurando o luar,
desce a nuvem do sofrimento sobre a madrugada,