A Liberdade era mãe de dois filhos: Expressão e Medo. A Expressão era uma filha muito inteligente e seguia todos os ensinamentos da mãe, enquanto Medo era um menino mais tímido e reservado. Por esse motivo, sempre que precisava, se aproximava da Expressão, que o defendia em todos os momentos em que ele não sabia o que fazer, pois sentia muito medo de tudo e de todos. A Expressão, por sua vez, se expressava fluentemente e tinha uma opinião formada sobre tudo o que a mamãe Liberdade explicava sobre os termos Direita e Esquerda. Falava aos filhos que precisavam sempre seguir à direita quando se deslocavam pelas ruas e avenidas do pensamento. Virar a esquerda poderia ser muito perigoso, principalmente se não sinalizassem essa intenção. Poderiam ser atropelados a qualquer momento e isso poderia fazê-los vítimas de julgamentos, sem o devido processo legal. A Expressão, sabendo de tudo isso, tentava explicar ao Medo o que isto significava. O Medo ficava sempre de boca fechada, mas isto não queria dizer que ele fosse um covarde. Se precisasse enfrentar alguém, sabia que a Expressão sempre usaria a sua inteligência para livrá-lo de qualquer ataque que sofresse. Certo dia o Medo se aproximou de uma multidão que protestava pacificamente por ideais de Liberdade e de repente se viu aprisionado, sem ter quem o defendesse e por mais que tentasse se libertar, não conseguia. Nesse momento, o Medo percebeu que nada que dissesse o libertaria daquela prisão, onde tantos outros estavam condenados, sem poderem manifestar seu pensamento e sendo julgados sem direito a ampla defesa, simplesmente por expressarem o pensavam a respeito... da Liberdade.
Débora Benvenuti
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