ESTÀTUAS DE LISBOA
Ocas são as atitudes no versejar
Vagas as palavras
De um passado feito estátua
Alva de tempo
Vegetante
Suja pelo vento
Expectante
Horários de bus
Semáforos
Fios de natureza
Em perfeita harmonia
Lisboa
Em uma tarde encapuzada
Por telhados cor de terra
Gatos cinza, gatos pardos
Fazem-me fluir por Lisboa
Aquela dos meus encantos
Dos desaires, dos mouros
Dos santos
Em altares de capelinhas
Pequeninas
Bem escondidas, fugidias
Encontradas em retratos esquecidos
Arrecadados, esfolheados
Como os telhados em ondas do mar
Onde eu fico a navegar...navegar
A caneta
A caneta escorre finas linhas
E escorre um pouco de mim
Sou intermediária do meu prazer
Ao dizer tudo o que deixo por fazer
Desapareço no infinito do meu ser
E me descubro
Traços alongados e curvos
Descrevo nesta estrada
Acidentada
Versos de dor
Ou amores turvos
Tudo encontro
Num mar de
Nada
A morte
Como se diz, a quem não existe que o ama?
Como se escreve?
Em cinzas em que seu corpo se transformou?
Em lágrimas que o céu levou?
Como se grita?
Que uma parte de nós não ficou?
Com as mãos como quem clama?
Com o coração em chama?
Como se em pedra ficou?
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