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A vingança
Eu tinha por hábito, quando avistava a chegada de uma patrulha a cavalo, subir a rua a correr para que um dos guardas descesse do cavalo e me deixasse montá-lo até chegar à cavalariça. Depois disso ajudava a tratar dos cavalos, gostava que me deixassem escová-lo com uma escova de forma oval com uma correia de couros para enfiar a mão, eu enfiava as duas....risos, era grande para mim. Também me deixavam ajudar a alimentar os cavalos e dar de beber. Não me lembro bem o que lhes davam mas uma coisa eu sei davam-lhes sempre uma mão cheia de favas secas que tinham nuns sacos grandes numa espécie de prateleira mais alta por cima das mangedoras para os cavalos não chegarem lá. Então o nosso castigo para com os guardas, por terem feito queixa do barulho dos carrinhos de rolamentos foi, já que eles não davam as favas que os cavalos queriam, subir não me lembro como para a prateleira e ir tirar as favas,. Lá fui eu, pois era a única que me andava tornando uma "Maria Rapaz" e não tinha medo de me empoleirar, buscar as favas.
Não foi preciso muito trabalho, mal puxei o fio que atava o saco, as favas começaram a sair e a cair por entre as ripas de madeira que formavam a prateleira. Conclusão, só um ou dois cavalos beneficiaram das favas do saco.
Mas nós, eu, irmã e minha amiga ficámos felizes, estávamos vingadas!
No dia seguinte levámos uma repreensão, ficámos de castigo porque descobriram que fomos nós, nem televisão (a preto e branco), que era novidade na minha casa, nos deixaram ver.
Parece que um dos cavalos com tantas favas e a água que bebeu, passou mal e teve de ir lá o veterinário. Foi o que nos disseram, nunca soube se isso foi verdade.
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