Quiseste tu ser como terra onde penetram as raízes, onde germina vida e cor.
Quis eu ser ar quente em balão, enchendo o peito e colocando o coração flutuante.
Na minha vida ganhaste raízes, na minha pele, no meu corpo, no meu coração... Rompeste adornos, camadas e carapaças. E agora fluis! Como corrente fresca e limpa dentro do meu ser. Limpas, purificas! Arrancando daninhas que foram crescendo com o tempo. Dás nova vida a estas margens, crias novo tempo, novo espaço. Espalhas cor, sentimentos e cheiros!
Houve um tempo em que soprei! Inspirava fundo e por muito que soprasse nada faria esse teu coração voar. Que estaria eu a fazer de errado? Força eu tinha, o ar saía fortemente do meu peito pela minha boca! Mas o teu coração permanecia... Quieto, solitário. Sem ligar muito sequer aos abanões que levava.
Então me afastei. Frustrada com as tentativas falhadas, cansada, exausta até. O que poderia eu fazer de diferente?! Porque não voava o teu coração, quando as tuas mãos se seguravam a mim com tanta, tanta força?
E deixei-te ir, com uma enorme dor no peito deixei-te ir.
O tempo passou. O meu ser foi-se conformando com a tua ausência embora a saudade me acompanhasse todos os dias.
Tu voltaste! Leve e de sorriso posto!
E com um brutal desarme de mim mesma, a falta que te sentia tomou posse. E não pude mais conter! A tua cara entre as minhas mãos segurei e a minha boca à tua juntei.
Que doce alucinação foi aquela? O teu coração pairou finalmente?! Sim foi, e levou o meu com ele!
Hoje é seguro, é sereno! E certo... tão certo!
Que fiquem para trás as amarguras e o negrume! Pois agora brilhamos nós! Como nunca vimos antes.
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