Meu amor,
Lembra-te sempre das tempestades que atravessaram o nosso oceano de amor, pois foi toda essa destruição que nos foi construindo, pois foi toda essa desavença que nos fez entender, pois foi todo aquele barulho que nos fez conquistar o silêncio um do outro, pois foi todo aquele desencontro que nos encontrou. Lembra-te que muitos barcos vieram, mas só o teu atracou no porto, e muitos são aqueles que levam toda uma vida sempre a vaguear e sem nunca chegar a bom porto. Mas nós não, nós já temos o nosso porto seguro, já temos o nosso porto de abrigo, por isso nós somos dos poucos que levarão toda uma vida a construir tudo, mas sem nunca sair do mesmo lugar, nós somos dos poucos que, mesmo em portos diferentes, construímos sempre o nosso cantinho no oceano do amor. Muitos são aqueles que saem para o mar e que não voltam jamais, abandonam o (quase) seu porto, deixando para trás aquilo que jamais terão novamente; estes são os fugitivos. Mas nós não, nós saímos, mas voltamos sempre, pois nada do que possamos encontrar será alguma vez melhor do que aquilo que outrora encontrámos um no outro; nós somos os que ficam. Muitos são aqueles que saem para o oceano e que não voltam jamais, de tão envolvidos na tempestade acabam por perder o seu caminho e ali acabam por ficar, sem saber para onde ir, sem saber quanto tempo passou, sem saber onde estão, sem saber o que são, e ali jazem… São estes os que se perderam. Mas nós não, nós nunca nos perdemos um do outro, as tempestades passam por nós e só nos fazem regressar a casa mais depressa, pois relembra-nos a escassez do tempo.
Lembra-te sempre que nós temos tudo aquilo que todos tem, tudo aquilo que alguns tem e tudo aquilo que ninguém alguma vez terá.
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