Um cigarro no horizonte

 

Um cigarro no horizonte

Portuguese

José, recostado à janela

Fuma um cigarro

Contempla a rua, as portas, os postes

Sentindo a inutilidade

De toda esta fiação

Que vela as mentes

Mal iluminadas

 

Mas o que há, José,

Que nem em seu toldo chove mais?

O que há, que seu martírio

Tornou-se nada mais

Que flagelo?

 

Mas o que há, José,

Que em seu peito,

Nada mais aperta?

Nada mais se esgota

Ninguém mais bate à porta

 

José não sabe, como ninguém

Apenas continua tragando

Todas as suas dúvidas

Todas as suas lamúrias

Que sabe que de nada valem

Para os pulmões

Que a qualquer momento irão cessar.

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