Já cansada de tantas noites de insônia,
a Imaginação calçou seus chinelinhos,
vestiu um agasalho e saiu na noite fria.
Uma névoa cobria a noite de flocos finos
e deixava os caminhos cobertos de estrias,
como se fossem desenhos rabiscados de grafismo.
Seu coração já não sangrava nem sofria.
Apenas procurava descobrir o que estava escrito
nas poucas linhas que o gelo derretia.
Seus pezinhos encharcados já não mais a aqueciam,
assim como seu coração a névoa enfraquecia.
Queria sentir que ainda podia amar,
mas algo dentro dela não mais existia.
Era aquela sensação de vazio a se esparramar
no caminho que ela sempre percorria.
A névoa encobria a noite escura
e a Imaginação, já enfraquecida
se deixou levar pela loucura.
Deitou-se na calçada e se deixou ficar,
a espera de um outro dia ver chegar.
Débora Benvenuti
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