Por vezes, ao deitar,
penso como seria ter a tua companhia.
Como seria, por exemplo,
dar-te um beijo de boa noite,
e adormecer ao teu lado?
E depois, na continuação imparável do tempo,
já no outro dia, de manhã,
acordar para ti e ver-te
ainda a sonhar?
A que saberá tudo isso?
Sobra-me somente
o aroma subtil da tua pele,
em jeito de amostra degustada
que não satisfaz.
Nada agora me é permitido
Já o foi, sem dúvida,
mas por breves instantes
que se esqueceram de acontecer
e que poucas satisfações
dão à memória cansada e envelhecida.
Não obstante,
beijo-te à revelia com estas palavras.
As mesmas que sempre te ofereci
(e ofereço!),
embrulhadas com carinho
e laços de saudade,
que nem o tempo,
nem o espaço,
nem ninguém
(nem nada!)
será capaz de adormecer.
Porque só tu sabes (e eu!),
em mútuo segredo arranjado,
que estes beijos e estas palavras
serão só e sempre para ti:
boa noite.
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