Portuguese
Cada vez que eu me olho no espelho, mais percebo o quanto estou parecida com a minha mãe. Às vezes até os trejeitos dela eu estou fazendo igual. Aquela velha mania de perder os óculos e sair a procurar,quando eles estão exatamente onde deveriam estar: pendurados por uma cordinha no pescoço. Então minha filha aparece e diz: mãe,tu já achou teus óculos? E eu respondo: ainda não e ela continua: procura bem que tu acha...E não é que eu acho mesmo...? Quando eu percebo que ela começa a rir, logo desconfio de onde eles possam estar. Ainda bem que os óculos são só para ficar no computador. Muitas vezes, quando ela vai sair à noite,eu faço as mesmas recomendações: leva o casaco que vai esfriar. Cuidado ao parar na sinaleira. Não volta tarde. Quando você chegar no barzinho,me liga e me diz se chegou bem. E lá fico eu esperando ela ligar...Essa rotina parece que não vai acabar nunca e eu nunca vou deixar de falar as mesmas coisas,exatamente como a minha mãe fazia. Naquela época,eu achava que ela se preocupava demais e ficava dizendo para ela que nada ia acontecer. Minha filha diz a mesma coisa. Então digo para ela: espera só tu ter os teus filhos que nunca mais tu vais dormir sossegada. E a gente só percebe que está igualzinha a nossa mãe, quando faz exatamente o que ela fazia. Um dia a minha filha vai fazer a mesma coisa: vai se olhar no espelho e dizer: Estou igual à minha mãe!
Faço a mesma coisa com meu filho, só que para falar com ele, preciso subir num banquinho.
Débora Benvenuti
http://deborabenvenuti13.blogspot.com.br - Luar de Outono
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